Wyllian Capucci
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Research, opinião e notícias que impactam os mercados globais
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Futuros atingem novas máximas históricas após corte de taxa do Fed, enquanto curva de juros e commodities sobem

O primeiro (super) corte de taxa do Fed desde 2020 resultou em reações mistas nos mercados, com ganhos iniciais para ações, devolvendo após e, o mesmo movimento em Treasuries e títulos corporativos, subindo e devolvendo a alta. No entanto, essa reversão da reação inicial do corte foi revertida durante a madrugada, e os futuros de ações dos EUA estão se recuperando esta manhã, subindo para novas máximas recordes, em meio a ganhos na Europa e na Ásia, enquanto o ouro, que também sofreu a mesma reversão ontem, voltou pra testar sua nova máxima, os preços do cobre atingiram o nível mais forte em dois meses liderando uma ampla alta em metais básicos no que parece ser um despertar gradual do comércio de reflação.
Às 9h00, os futuros do S&P subia 1,7%, e os futuros do Nasdaq subiram mais de 2,1% como parte de um trade global de risco. Semelhante aos cortes de taxas anteriores em ambientes macroeconômicos de desaceleração, o Nasdaq e o Russell estão superando o desempenho. Todos os nomes da Mag7 no pré-market estão em alta pelo menos 1,6%, com Semicondutores também estão mais fortes com NVDA +3,3%. O índice Stoxx 600 da Europa avançou até 1,4%, enquanto as ações asiáticas estavam um mar de verde, com uma cesta de moedas asiáticas atingindo máximas de 14 meses, mesmo com o iene japonês despencando com os traders mais uma vez de olho nos diferenciais de juros (Curva abrindo forte desde ontem). A curva de juros está se inclinando para cima, embora o 30Y esteja inalterado e o USD esteja estável. As commodities estão mais altas lideradas pelo complexo de energia com metais preciosos superando a base (ouro +1,3%, prata +4,0%).
Os dados de hoje, às 8h00 mostraram um BoE mantendo as expectativas de inalteração na taxa, até que mais dados bons de inflação cheguem, movimento que derrubou a Libra, pois era esperado.
E às 9:30 tivemos pedidos de seguro-desemprego dos EUA, que expõe um pouco o FED (depois do corte exagerado de 50bps), pois os dados de desemprego estão mostrando ainda um mercado de trabalho forte..
Não demorou nem 1 dia e já temos novos indicadores macro indicando o exagero do Fed no corte de 50bps (o que teoricamente seria o caro para um cenário de crise): os dados dos pedidos de auxílio-desemprego caíram para mínimas de vários meses, sinalizando uma economia que está longe de ser um "pouso suave", ou qualquer tipo de pouso...

- Os pedidos iniciais ajustados caíram de 231 mil para 219 mil (menor valor desde maio), enquanto os pedidos não ajustados (NSA = Non-Seasonally Adjusted) continuaram caindo para mínimas de 12 meses...
Os pedidos contínuos também continuaram sua tendência de queda (economicamente positiva), caindo de 1,843 mm para 1,829 mm
Normalmente os pedidos de seguro-desemprego acompanham a taxa de desemprego oficial, publicada pelo BLS.

Embora a taxa oficial de desemprego tenha subido 0,5% desde o fundo no último ano, os pedidos de auxílio-desemprego caíram para níveis quase recordes.

Isso parece uma economia que precisa de um corte de 50 pontos-base na taxa?
Ontem vimos as expectativas de economistas classificados na Bloomberg, antes da divulgação do statement às 15h. Apenas 8,7% dos economistas (10 de 114) esperavam um corte maior, de 50bps.

Então, quais dados o FED está olhando pra justificar o corte maior?
Se for pelas condições de financiamento estar muito apertadas, e a economia precisando de um alívio: Não é o caso

As condições de financiamento estão extremamente facilitadas (easing). Em azul o índice Financial Conditions do Fed de Chicago. O último corte tão grande com condições financeiras tão frouxas foi há 32 anos.
Wyllian Capucci
A grande maioria aqui está no time 25bps (eu também). Você como trader/gestor não precisa adivinhar o que vai acontecer (até porque os sinais do mercado estão mistos e pode vir qualquer coisa), mas você deve saber antecipar os possíveis movimentos em caso…
Sobre esse playbook que eu escrevi aqui na terça a noite:

O meu preview de reação do mercado ao corte de 25 ("corte hawkish" e playbook de reflação), acabou se concretizando com o corte de 50 do FED + Dot plot hawkish.

No balanço geral da reunião (corte + dot plot + coletiva do Powell), a reação em Bonds (caindo) e na curva (abrindo), com dólar ganhando força e Yen derretendo, afasta completamente o cenário de Risk-off que veríamos no caso de um FOMC dovish (stop de VaR em dólar, com Yen ganhando força e virando um efeito cascata).
Quando vamos fazer o preview de um dado, seja decisão de PM ou algum dado macro (como por exemplo o NFP ou CPI), temos que "isolar" esse dado. No NFP por exemplo, fazemos o preview da headline de criação de empregos, mas o relatório em si temos várias outras informações (Taxa de desemprego, Ganho por hora trabalhada, etc), que temos que olhar em conjunto após a reação inicial e fazer um balanço total do dado.

No FOMC não é diferente, por isso a montanha russa, com mercado subindo, depois caindo e hoje recuperando tudo.
E particularmente, essa decisão do FOMC foi a mais difícil de prever de todos os tempos.
Wyllian Capucci
Ontem vimos as expectativas de economistas classificados na Bloomberg, antes da divulgação do statement às 15h. Apenas 8,7% dos economistas (10 de 114) esperavam um corte maior, de 50bps. Então, quais dados o FED está olhando pra justificar o corte maior?
104 de 114 economistas classificados na Bloomberg erraram. Todos esses concordaram que o correto a ser feito era um corte de 25bps, com base nos dados recentes.

Então, ou o FED está vendo algo que ninguém está (como por exemplo: os números reais, sem manipulações, do mercado de trabalho), ou são um bando de idiotas tomando decisões políticas por lá.
Amanhã, na terceira sexta-feira do mês, tem OpEx trimestral (Quadruple Witching), onde vencem simultaneamente (em 4 vezes no ano: março, junho, setembro e dezembro) as opções de ações individuais, opções de índices e ETF's, opções de futuros de índices e os contratos futuros de índices.

Como vários vencimentos trimestrais anteriores recentes, o mercado está completamente exposto em Calls (com 85% do Delta notional posicionados em Calls) que após a subida de hoje estão praticamente 100% dentro do dinheiro
Amanhã após o vencimento, quase 40% desse gamma (predominante comprador) expira, e os índices devem ficar mais livres pra trabalhar, podendo haver espaço para queda, com o de-hedge dos Dealers a esse gamma positivo expirando.
Amanhã será o maior vencimento de opções de setembro já registrado, impulsionado pelos altos volumes de opções de índices e ETFs.

Mais de US$ 4,5 trilhões em exposição a opções nocionais expirarão nesta sexta-feira, incluindo US$ 605 bilhões nocionais em opções de ações individuais.
As opções que expiram hoje representam um valor nocional que é igual a 7,8% da capitalização de mercado do Russell 3000. O tamanho relativo desta expiração é o mais alto para qualquer setembro desde 2017.

Quase metade das opções do S&P 500 continuam sendo opções de dia zero